O sorriso
Quarta, 29 Dezembro 2010 | Visto - 10
Um estudo americano sugere que o sorriso de um bebé activa no cérebro da mãe as zonas relacionadas com o prazer. Nas conclusões, publicadas na revista científi ca Pediatrics, os autores escrevem que as regiões activadas são as mesmas quando se fazem experiências associadas com a dependência de drogas. E comparam o sorriso de um filho a uma droga natural. Mais barata e saudável, pelo menos.
O primeiro sorriso intencional ocorre por volta das seis semanas de vida. Antes disso, aqueles esgares que o recém-nascido faz, principalmente a dormir, não passam de reflexos musculares involuntários. Embora os pais gostem de imaginar que os seus fi lhos estão a ter sonhos maravilhosos com o aconchego da barriga materna.
Quando o sorriso é a sério, percebe-se a diferença. Não é só a boca que mexe, os olhos brilham, as mãos agitam-se. Vê-se que o bebé está feliz. E o que faz um bebé feliz? A sua mãe e o seu pai, claro. Os primeiros sorrisos verdadeiros são para eles, porque são os rostos que melhor conhece. É o primeiro sinal de socialização. O psicanalista austríaco René Spitz dizia que o sorriso é o primeiro organizador da personalidade. É ali que começa o ser social. É assim que se aprende a dar e a receber. Neste caso, o bebé aprende que para receber a atenção da mãe ou do pai basta dar um sorriso. Depois, pensa que pode conquistar o mundo mostrando as gengivas e ri para tudo e para todos.
Aos seis meses, dá mais um passo no processo da comunicação: torna-se selectivo. Já não ri por tudo e por nada. Sorri mais para saudar quem conhece. Não é de estranhar, portanto, que perante os «gugus dadás» de uma vizinha entusiasmada a resposta seja apenas uns olhos esbugalhados.
Entretanto, também começa a «dobrar o riso», a dar gargalhadas sonoras, de tal forma, que, às vezes, parece que vai ficar sem ar. Mas não fica. Os pais é que ficam quase com a respiração suspensa e os batimentos cardíacos acelerados de deslumbramento e felicidade.